Do carvão para Europa, a excursão do Metropol pelo velho continente

Fundado em 15 de novembro de 1945, o Esporte Clube Metropol era a divisão recreativa dos funcionários da carbonífera Metropolitana. Apenas mais um time criado para dar alegria aos trabalhadores do carvão, o dinheiro era pouco, as dívidas eram muitas e a sala de troféus vazia. Miguel Napoli era o açougueiro e bancava o time, contava com a ajuda dos próprios mineiros que contribuíam com cinco cruzeiros (moeda da época), descontados na folha de pagamento.

Naquela época o movimento sindical era muito organizado e Criciúma era palco de intensas greves, em que os mineiros lutavam por melhores condições de trabalho e salários compatíveis com os riscos da profissão. Quando a Carbonífera Metropolitana foi adquirida pela sociedade Freitas-Guglielmi, os novos sócios buscaram mudar essa situação de constantes greves. Diomício Freitas percebeu a relação que os operários tinham com o Metropol. Buscando se aproximar dos mineiros, o empresário investiu maciçamente no clube. Então seu filho: Dite Freitas, assumiu o futebol com a ideia de acabar com as manifestações grevistas.

Os resultados logo vieram, com a conquista de cinco títulos estaduais nos anos de 1960, 61, 62, 67 e 69. Para comemorar o Bicampeonato catarinense (60, 61). Como prêmio para a conquista, Dite Freitas, o patrono do clube, deu duas opções aos jogadores, um prêmio em dinheiro, ou uma excursão pela Europa. Todos os jogadores escolheram a excursão pela Europa. O Metropol fez algo inédito para o futebol catarinense: uma excursão pela Europa que durou 94 dias.

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Quando chegou aos ouvidos da crônica paulista e carioca que o Metropol estava a caminho de uma excursão pela Europa, disseram que o Metropol iria pra lá, envergonhar o futebol brasileiro, justamente em ano de copa do mundo. Foi então que em 27 de abril de 1962, o Metropol embarcou para a Europa com 18 jogadores e 9 membros na comissão técnica. A primeira parada foi na Espanha, e o primeiro jogo contra a equipe do Deportivo La Coruña, clube recém promovido para a primeira divisão espanhola daquele ano, o jogo terminou em um empate em 2 a 2.

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Primeiro jogo da excursão, La Coruña 2×2 Metropol.

Na Espanha foram 2 jogos, 1 empate e 1 derrota. Depois o clube foi para Suíça, onde fez 3 jogos sendo, 2 vitórias e 1 empate, passou pela Alemanha Ocidental, onde realizou 3 jogos, com 1 empate e 2 vitórias, seguiu para a Dinamarca, lá jogou 4 partidas, foram 3 vitórias e 1 empate. Depois foi até a Romênia, onde jogou 11 partidas em 1 mês, lá viram de perto o tão falado comunismo, o regime era severo que o país enfrentava. No documentário “A História do Metropol” consta o episódio do lateral Zezinho Rocha, que chegou a pensar em casar com uma romena. Sem entender o idioma, Zezinho ficou sem entender o nome da moça: Sukosd. Após um ano recebendo correspondências da misteriosa moça, Zezinho se casou com uma brasileira e colocou o nome da filha justamente de Sukosd. Também na passagem pela Romênia, os jogadores foram surpreendidos quando uma noiva interrompeu seu casamento para tirar uma foto ao lado do goleiro Rubão. Segundo o goleiro, a cena aconteceu porque a moça nunca tinha visto um homem negro.blank

Na Romênia, FC Corvinul Hunedoara 2×4 Metropol. Foto: Hilário Freitas.

A delegação retornou no dia 30 de julho, numa das mais extensas apresentações do futebol brasileiro no velho continente. Segundo dados do jornalista da delegação, Hilario de Freitas, o Metropol viajou 63,5 horas de avião, 78 horas de trem, 13 horas de navio, e 126 horas de ônibus.

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Ao todo foram 23 partidas em cinco países, com 13 vitórias, 6 empates e 4 derrotas. Marcou 53 gols e sofreu 35, com um saldo positivo de 18 gols. Elario foi o artilheiro da excursão, com 17 gols, seguido de Nilzo, com 8 gols, Helio, 7 gols, Marcio, Pedrinho, Arpino e Valdir marcaram 4 vezes cada, Parana fez 3 gols e Sabia 2 gols.

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Todos os jogos do Esporte Clube Metropol pela Europa
Colaboração: Filipe Aurélio
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