Independente da fase da vida, os cuidados com a saúde precisam ser constantes. Isso inclui a alimentação, a prática de atividade física, o controle do ganho de peso e a manutenção de tantos outros hábitos saudáveis. Como a própria palavra já sugere, hábito é algo constante. E aqueles que começam desde cedo podem se estender pelo resto da vida.

Ter uma boa saúde é uma construção que começa ainda na infância, mas que tem grandes repercussões na vida adulta. É pensando no futuro dos pequenos que 3 de junho foi escolhido como o dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil. A data tem como objetivo conscientizar sobre os cuidados necessários para controle da obesidade em crianças.

Segundo dados do Ministério da Saúde, crianças acima do peso têm mais chances de se tornarem adultos também obesos. A consequência disso é o aparecimento de diversas doenças, como diabetes, problemas ortopédicos, distúrbios psicológicos, doenças cardiovasculares e hipertensão, sendo essa última o fator de risco principal para infarto e acidente vascular cerebral, popularmente conhecido como derrame. Vale lembrar ainda que a obesidade também provoca complicações caso haja infecção por Covid-19.

O que causa a obesidade?

Muita gente se engana ao pensar que a obesidade acontece apenas por conta de um fator genético. Quando falamos em obesidade infantil, muitas vezes estamos tocando também em dois temas importantes: alimentação e prática de atividade física. Ou seja, a obesidade é caracterizada pelo excesso de peso e é resultado de uma associação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais.

Levando em consideração os aspectos ambientais e comportamentais, é inevitável não pensar em como as crianças de hoje em dia estão deixando de lado as brincadeiras para passar mais tempo em frente às telas. É inevitável também não lembrar de como os hábitos alimentares das famílias foram afetados pelos alimentos processados e ultraprocessados.

Muitas crianças estão crescendo em ambientes que propiciam o aumento de peso e a obesidade. Ou seja, que favorecem comportamentos associados ao sedentarismo e à ingestão de alimentos calóricos, ricos em gorduras, sódio, aditivos químicos e pobres em nutrientes.

Dados obtidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) mostram como a situação no Brasil já é bastante preocupante. Em 2019, entre as crianças acompanhadas na Atenção Primária à Saúde do SUS, 14,8% dos menores de 5 anos e 28,1% das crianças entre 5 e 9 anos tinham excesso de peso. Destas, 7% e 13,2% apresentavam obesidade. Ainda em 2019, 5% das crianças com idade entre 5 e 10 anos foram classificadas com obesidade grave.

A mesma avaliação conseguiu constatar também que entre as crianças de seis a 23 meses, 31% consumiram bebidas adoçadas, 48% consumiram algum alimento ultraprocessado e 28% consumiram especificamente biscoito recheado, doces ou guloseimas no dia anterior à coleta dos dados.

Como identificar que uma criança está acima do peso?

Fazer um bom monitoramento da evolução da criança é o primeiro passo para identificar o excesso de peso. O diagnóstico de obesidade na infância depende das medidas de peso, altura, data de nascimento e sexo. A depender da classificação do Índice de Massa Corporal (IMC) por idade, tem-se a avaliação do estado nutricional da criança.

É durante o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil que intervenções precoces podem ser feitas, caso seja observado ganho de peso excessivo nas crianças. Desta forma, o preenchimento correto das informações (idade, peso, altura e IMC) na Caderneta de Saúde da Criança e o monitoramento desse crescimento ao longo do tempo é uma oportunidade para prevenir e controlar o problema.

Como tratar e prevenir a obesidade infantil?

Sabendo que muitas vezes é o contexto que propicia o surgimento da doença, a melhor dica é construir uma força-tarefa entre todos aqueles que atuam na vida criança. Ou seja, é um trabalho conjunto entre família, comunidade, escola, rede de saúde e outros mais.

Comece pelas refeições preparadas em casa e baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados. Continue a mudança resgatando as antigas brincadeiras e deixando de lado um pouco as telas.

Para quem quer adotar hábitos mais saudáveis e não sabe por onde começar, o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de Dois Anos e o Guia Alimentar para a População Brasileira, ambas publicações do Ministério da Saúde, podem ajudar nessa missão!

Cuidados com as crianças durante a pandemia

A alimentação exerce um papel importante na saúde das pessoas, principalmente durante o enfrentamento de uma pandemia. Mais do que nunca, é preciso estar atento a maneiras de estimular o consumo de alimentos adequados e saudáveis.

Também é importante manter em foco a prática de atividades físicas, por mais simples que sejam. Então confira algumas dicas para lidar com as crianças durante a quarentena:

– Para garantir que não falte alimentos naturais e de qualidade, faça um bom planejamento. Assim, você vai otimizar o momento de saída para as compras e garantir que a quantidade adquirida dure mais tempo, evitando outras saídas de casa;

– Incentive a participação das crianças no planejamento e preparo das refeições. Assim, elas se sentem estimuladas a comer melhor. Além disso, a dinâmica colaborativa evita que um único membro fique sobrecarregado. Sem contar que é uma ótima maneira de estreitar os laços entre os membros da família;

– Resgate brincadeiras que podem ser feitas dentro de casa e na companhia de outros familiares, como jogos, esconde-esconde, dança, mímica e pular corda, entre outras;

– Mantenha os cuidados com a higiene. Estimule as crianças a lavarem as mãos com frequência e as oriente para não tocar os olhos, o nariz e a boca. Se precisar sair de casa, que seja sempre com máscara e respeitando a distância mínima de 2 metros entre as pessoas.

Uma doença devastadora, que não tem vacina, e a falta de um remédio específico para o tratamento da Covid-19 têm gerado dúvidas e levado pessoas a se automedicarem.

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) alerta que várias divulgações de remédios em redes sociais não têm evidência científica e desinformam o público.

Motivada por vídeos que recebeu pelas redes sociais e a indicação de uma amiga, a família de Mayara Costa tomou ivermectina – um remédio para verme.

De acordo com Heloísa Ravaiane, presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, não há estudos que comprovem eficácia da ivermectina na fase inicial da doença.

Entre os medicamentos mais divulgados e testados por pesquisadores estão a cloroquina e a hidroxicloroquina.

Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia, o uso das substâncias no tratamento da Covid-19 nos primeiros dias de doença, em casos leves e moderados, está sendo avaliado e ainda aguarda os resultados.

Já em casos de pacientes hospitalizados em estado grave, de acordo com a SBI, os principais estudos clínicos não demonstraram benefício.

A entidade lembrou que a Organização Mundial da Saúde, a agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos e a Sociedade Americana de Infectologia recentemente recomendaram que não seja usado cloroquina, nem hidroxicloroquina para pacientes com Covid-19, com exceção de pesquisas clínicas, devido à falta de eficácia comprovada e potencial de toxicidade.

Os infectologistas também alertam para o uso de antibióticos para tratar o coronovírus. Esses medicamentos não têm indicação para infecções virais.

Mas há também drogas promissoras. É o caso de um corticoide que tem apresentado resultados positivos em pacientes graves, afirma a médica Heloísa Ravaiane.

A entidade de infectologia aponta ainda que outro medicamento – o remdesivir  – demonstrou redução no tempo de recuperação em pacientes com formas moderadas e graves da Covid-19. O remédio ainda não tem registro no Brasil e seu uso foi autorizado pela Anvisa somente para estudos clínicos.

O uso de plasma de recuperados da Covid-19 em pacientes em tratamento pode proporcionar benefícios, mas estudos clínicos ainda estão em andamento, segundo a SBI.

A infectologista Heloísa Ravaiane destaca a importância de procurar um profissional de saúde antes de usar qualquer medicamento.

O documento com todas as orientações da SBI está disponível no site: infectologia.org.br

Fonte: Radioagência Nacional